A Tríade dos "Diabos do Olho Azul" - Cap 18 - Mauro toma controle de sua vida e inspira a liberdade.
O Despertar do Odé Fazenda Real de Santa Cruz, Rio de Janeiro, Janeiro de 1864 A senzala da Fazenda Real de Santa Cruz vibrava com cânticos e tambores, um refúgio de resistência em meio à opressão. Mauro de Albuquerque, aos 19 anos, foi carregado para lá, desmaiado de dor após o martírio no tronco, mas com o dorso milagrosamente seco, como se a ventania de Iansã tivesse selado suas feridas. Sua pele moreno jambo reluzia sob a luz fraca das lamparinas, os cabelos encaracolados colados ao rosto, e os olhos azuis, mesmo fechados, pareciam carregar a promessa de Oxóssi. A escravaria, em êxtase pelo milagre, via nele o retorno de Jamil, o “Diabo do Olho Azul”, e celebrava sua sobrevivência como um sinal divino. Tião Galinha, o “Cão dos Brancos”, parou à porta da senzala, o chicote ainda na mão, o rosto contorcido de raiva. Ele apontou para o interior, onde Mauro repousava, e rosnou: — O Diabo de Olho Azul não vai me vencer desta vez! Mas a escravaria formou uma parede humana, bloquean...