Manoel, o ser de luz. Oitavo capítulo: Surge Manoelzinho, o gatinho que amava demais e deixou um legado de amor.
O surgimento do anjinho Manoelzinho e seus irmãozinhos
A casa em Ipanema continuava a ser um refúgio de amor e memórias, com o quarto temático e suas estrelas pintadas no teto brilhando como um lembrete da constelação que protegia a família. Manoel, agora um escritor consolidado, e Márcia criavam seus filhos, Luquinhas e Clara, com a mesma ternura que Thiago e Clarice um dia lhe ofereceram. Luninha, a gatinha que herdara o espírito sapeca de Peraltinha, e Solzinho, o cachorrinho que carregava a lealdade de Pitoco, eram os guardiões peludos do lar, sempre presentes nas brincadeiras das crianças e nas noites tranquilas na varanda.
Uma manhã, porém, Luninha, que ainda não havia sido castrada, aproveitou uma fresta no portão e escapou para as ruas de Ipanema. Manoel e Márcia procuraram por ela com o coração apertado, mas, ao fim do dia, a gatinha voltou, com seu ronronar travesso e um brilho nos olhos que parecia esconder um segredo. Dois meses depois, o segredo se revelou: Luninha deu à luz quatro gatinhos, cada um com um charme único, miando com a energia de quem já nascia sob a proteção das estrelas. Manoel, tocado pela chegada dos filhotes, viu neles um eco da constelação que guiava sua família. Ele e Márcia decidiram adotá-los, dando a cada um o nome de uma das estrelas que brilhavam no céu: Manoel, Biriba, Bituca e Assad.
Os quatro gatinhos cresceram no quintal da casa, trazendo risos e travessuras. Manoel, o gatinho de pelo cinza e olhos gentis, parecia carregar uma calma que lembrava o mendigo de Ipanema. Biriba, com seu jeito sapeca, pulava pelos móveis como se dançasse com as estrelas. Bituca, de orelhas tortas, era o mais protetor, sempre alerta. E Assad, com um brilho dourado no pelo, tinha uma presença quase majestosa, como se soubesse de segredos antigos. Luquinhas, agora com 20 anos, e Clara, sua irmã mais nova, passavam horas brincando com os gatinhos, enquanto Solzinho os observava com uma paciência de avô. Luquinhas, que crescera escrevendo histórias como o pai, decidira seguir seu próprio caminho como roteirista. Ele se preparava para deixar Ipanema e se mudar para São Paulo, onde buscaria transformar suas ideias em roteiros que tocassem corações. Na véspera de sua partida, ele observou os quatro gatinhos brincando no jardim, sob o olhar atento de Luninha e Solzinho. Seu coração se apertou ao pensar em deixar a família, mas seus olhos se fixaram em Manoel, o gatinho mais carente dos quatro, que sempre parecia buscar mais carinho, como se carregasse um vazio familiar. Luquinhas se lembrou da carta psicografada que lera aos 15 anos, da redação que escrevera aos 10, e da história do mendigo que sofrera tanto, mas nunca deixara de amar. Ele se aproximou do pai, que estava na varanda, olhando para as quatro estrelas que brilhavam no céu. “Pai, posso levar o Manoel comigo pra São Paulo?” perguntou Luquinhas, com um sorriso tímido. “Ele é o mais carente, sabe? Acho que ele precisa de mim, como o outro Manoel precisava dos seus anjinhos.” Manoel, o escritor, sentiu um nó na garganta. Ele olhou para o filho, agora um jovem com o mesmo coração puro que ele próprio herdara, e assentiu. “Claro, meu filho. Leve o Manoel. E cuide bem dele, porque ele carrega um nome especial, um nome que nos ensinou o que é amar sem esperar nada em troca.”
Na manhã seguinte, Luquinhas partiu para São Paulo, com o gatinho Manoel aninhado em uma caixa de transporte, miando baixinho, mas com os olhos brilhando de confiança. Manoel, Márcia e Clara se despediram na varanda, os olhos marejados, mas o coração cheio de orgulho. No jardim, Biriba, Bituca e Assad, os outros três gatinhos, brincavam ao lado de Luninha e Solzinho, enquanto no céu, a constelação das quatro estrelas parecia pulsar mais forte, como se aprovasse a nova jornada de Luquinhas e seu companheiro peludo. Manoel abraçou Márcia, olhando para o céu. “Sabe, meu amor, às vezes sinto ele aqui. O Manoel, o mendigo. Ele tá no Luquinhas, no gatinho Manoel, em todos nós.” Márcia sorriu, apertando a mão do marido. “E nas estrelas, Manoel. Sempre nas estrelas.”
Em São Paulo, Luquinhas começou sua vida como roteirista, escrevendo histórias que, como as de seu pai, falavam de bondade, lealdade e conexões que atravessavam o tempo. O gatinho Manoel dormia ao seu lado, ronronando enquanto ele escrevia, como se a mão invisível que guiara Manoelzinho agora guiasse Luquinhas também. E, no céu, as quatro estrelas — Manoel, Biriba, Bituca e Assad — brilhavam sobre Ipanema e São Paulo, protegendo a família e seus anjinhos de quatro patas, um lembrete eterno de que o amor, uma vez plantado, floresce para sempre.
Manoelzinho em São Paulo faz sua missão de amor e inspira a criação do Abrigo Estrelinha
Inspirado pelo que aprendera com a carta psicografada e com as histórias de seu pai, Luquinhas decidiu agir. Ele conversou com os vizinhos, compartilhando a história dos gatos que Manoel trazia e a memória do mendigo que usava seus desejos para ajudar os outros. Aos poucos, a comunidade se uniu. Um casal ofereceu mantimentos, uma jovem veterinária voluntariou seus serviços, e um senhor aposentado cedeu materiais para construir um espaço. No anexo do quintal do prédio, Luquinhas e seus vizinhos montaram um abrigo modesto, mas cheio de carinho, com caminhas, comedouros e um cantinho aquecido para os gatos doentes e abandonados. Eles o chamaram de “Abrigo Estrelinha”, em homenagem à constelação que Luquinhas crescera admirando.
Luquinhas ligou para seu pai, Manoel, que estava em Ipanema, e contou sobre a morte de Manoelzinho e o abrigo que ele inspirara. “Pai, ele trouxe tantos gatos precisando de ajuda... parecia que ele sabia o que fazer, como se tivesse aprendido com o Manoel da carta.” Manoel, do outro lado da linha, enxugou uma lágrima, olhando para Luninha, Solzinho e os outros três gatinhos — Biriba, Bituca e Assad — que brincavam no jardim. “Ele sabia, meu filho,” respondeu Manoel, a voz embargada. “E agora ele tá com eles, brilhando na nossa constelação.”
Manoelzinho é eternizado com o jazigo no Abrigo Estrelinha
Inspirado pela história do mendigo Manoel, que Luquinhas conhecera através da carta psicografada, e pela constelação que brilhava no céu, ele propôs uma homenagem especial. Ao lado do Abrigo Estrelinha, no canto do quintal onde Manoelzinho gostava de se deitar ao sol, a comunidade construiu um pequeno jazigo. Era simples, feito de pedra polida, mas carregado de significado. Um artesão voluntário, tocado pela história que Luquinhas compartilhara sobre o mendigo e seus “anjinhos”, gravou na lápide a imagem de cinco estrelas unidas por linhas delicadas, formando um coração — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e agora Manoelzinho, juntos no astral, eternamente ligados.
Enquanto sepultavam Manoelzinho, Luquinhas segurava uma flor branca, suas lágrimas caindo em silêncio. Ele pensava na redação que escrevera aos dez anos, na carta psicografada que lera aos 15, e nas palavras de seu pai, Manoel, sobre o anjo da guarda que o guiara desde a infância. “Você cumpriu sua missão, Manoelzinho,” murmurou ele, colocando a flor sobre o jazigo. “Você trouxe amor pra tanta gente, como ele fez.” Os vizinhos, em silêncio, depositaram suas flores, e a jovem veterinária que cuidava dos gatos do abrigo sussurrou: “Ele era especial, Lucas. Como se soubesse de algo que a gente só sente.”
Naquela noite, Luquinhas ficou no quintal, olhando para o céu de São Paulo. Apesar das luzes da cidade, as cinco estrelas da constelação brilhavam com uma clareza que parecia desafiar a poluição. Ele sentiu um calor no peito, como se Manoelzinho, agora uma estrela ao lado de Manoel, Biriba, Bituca e Assad, estivesse sorrindo para ele. O Abrigo Estrelinha, ao lado do jazigo, estava cheio de vida — gatos resgatados miavam, voluntários se revezavam, e a comunidade continuava a crescer, unida pelo exemplo de um gatinho que, como o mendigo de Ipanema, nunca deixou de ajudar os mais necessitavam.
Luquinhas ligou para seu pai, Manoel, e contou sobre o sepultamento e a lápide com a constelação. “Pai, parece que ele quis deixar um pedaço da nossa história aqui,” disse, a voz embargada. Manoel, na varanda da casa com Luninha, Solzinho e os outros três gatinhos — Biriba, Bituca e Assad —, olhou para o céu, onde as cinco estrelas pareciam pulsar em resposta. “Ele deixou, meu filho,” respondeu Manoel, com um sorriso emocionado. “E essa constelação vai continuar guiando a gente, em São Paulo, em Ipanema, onde quer que o amor chegue.”
Próximo Capítulo: Lucas se torna escritor de sucesso e se casa com Amaraliz.
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