Manoel, o ser de luz. Sétimo Capítulo: Lucas conhece a história do espírito de luz Manoel.
Primeira parte: Lucas conhece a história de Manoel, o espírito de luz.
Luquinhas, agora com 15 anos, havia crescido com o coração aberto às histórias de seu pai, Manoel, o escritor, e com uma ligação especial com os animais que sempre fizeram parte da família. A casa em Ipanema, com seu quarto temático e as estrelas pintadas no teto, continuava sendo um santuário de memórias e sonhos. Peraltinha e Pitoco, os filhotes que ele observara em sua “oração” aos cinco anos, haviam partido, mas seus herdeiros — uma gatinha chamada Luninha e um cachorrinho chamado Solzinho — enchiam o quintal de alegria, mantendo vivo o legado de amor que começara com Biriba e Bituca.
Numa tarde tranquila, enquanto ajudava Manoel a organizar uma estante cheia de manuscritos e livros, Luquinhas encontrou uma caixa antiga, escondida entre os pertences do pai. Curioso, ele abriu a tampa e descobriu uma carta amarelada, com uma caligrafia delicada e um peso que parecia carregar séculos. “Pai, o que é isso?” perguntou, segurando o papel com cuidado, como se soubesse que era algo sagrado. Manoel, que estava revisando um novo conto, olhou para o filho e reconheceu a carta imediatamente. Era a carta psicografada que ele encontrara anos atrás, após a morte de seus pais adotivos, Thiago e Clarice, a mesma que narrava a vida de Manoel, o mendigo, e sua jornada de dor e bondade. Ele hesitou por um momento, mas, vendo o brilho nos olhos de Luquinhas, decidiu que era hora de compartilhar aquela história. “Senta aqui, meu filho,” disse, com a voz suave. “Essa carta conta a história de alguém muito especial.”
Luquinhas sentou-se ao lado do pai, no quarto temático, sob as estrelas pintadas que pareciam pulsar com uma luz suave. Ele começou a ler, e, à medida que as palavras se desenrolavam, seus olhos se enchiam de lágrimas. A carta contava a história de Manoel, um menino abandonado pelos pais, expulso pela irmã cruel, que vagava pelas ruas de Ipanema com apenas uma short desbotado e a companhia de dois “anjinhos”, Biriba, o gatinho e Bituca, o cachorro. Falava de seus encontros com Assad, o gênio preso em uma garrafa, e de como, mesmo diante da fome e do abandono, Manoel usava cada desejo para ajudar outros — seus bichinhos, crianças, uma mulher ferida, uma jovem em trabalho de parto. A carta descrevia sua morte solitária, mas também sua ascensão como uma luz pura, sem julgamento, unindo-se às estrelas com seus companheirinhos peludos e, mais tarde, com o gênio libertado " Eu sofri uma dor ainda mais profunda do que a dor da fome, com esta eu já havia me acostumado. Não suportei a dor mais forte e tombei sem forças. Quando despertei, eu estava digno novamente, sem ferimentos, e exalando uma luz acolhedora. Percebi que havia feito a passagem. Daqui de onde eu estou, eu sempre visito este plano para iluminar quem necessita. Dei carinho para meus dois anjinhos e depois, quando o Criador determinou a hora de cada um deles, fui buscá-los e agora eles brilham ao meu lado, iluminando seus iguaizinhos que necessitam de proteção. Assad, meu guia de luz, logo se encontrou comigo e falou sobre meu homônimo que está seguindo com a minha missão". Quando terminou de ler, Luquinhas estava em silêncio, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele olhou para o pai, a voz embargada: “Pai... como ele sofreu...”
Manoel passou o braço ao redor do filho, sentindo o peso daquelas palavras. Ele mesmo se emocionara ao ler a carta pela primeira vez, anos atrás, e agora via nos olhos de Luquinhas o mesmo impacto que a história tivera sobre ele. Mas havia algo mais. “Luquinhas, lembra da redação que você escreveu aos dez anos? Manoel, a estrelinha que desceu na Terra?”Luquinhas assentiu, confuso. “Lembro, pai. Mas o que tem a ver?” Manoel pegou a redação, guardada com cuidado entre seus papéis, e colocou-a ao lado da carta. “Leia de novo, meu filho.” Luquinhas releu sua própria história, escrita cinco anos antes, e seus olhos se arregalaram. A redação contava, quase palavra por palavra, a mesma história da carta psicografada: o menino abandonado, os dois animais, a estrela guia, os desejos gastos com os mais necessitados, e a ascensão final ao céu. Ele olhou para o pai, atônito. “Pai... como eu sabia disso? Eu nunca li essa carta antes!”
Manoel sorriu, os olhos marejados, sentindo a mão invisível que sempre guiara sua escrita agora repousando sobre eles. “Às vezes, meu filho, as histórias escolhem a gente. Você escreveu o que sentiu no coração, porque ele, de alguma forma, sempre esteve aqui, com a gente.”
Luquinhas enxugou as lágrimas e olhou pela janela, onde Luninha e Solzinho brincavam no jardim, de repente parando para erguer os olhos ao céu, como Peraltinha e Pitoco haviam feito anos antes. No céu, as quatro estrelas — Manoel, Biriba, Bituca e Assad — brilhavam com uma luz que parecia responder ao olhar do menino. Ele segurou a mão do pai, sentindo uma conexão que não explicava, mas que o fazia se sentir parte de algo maior.
“Pai, acha que ele tá vendo a gente?” perguntou Luquinhas, a voz quase um sussurro. Manoel olhou para a constelação, sentindo a presença do mendigo que mudara sua vida sem nunca o conhecer. “Tá, sim, meu filho. E ele tá feliz, porque a bondade dele ainda vive em você, em mim, nos nossos bichinhos, em todo mundo que aprende a amar como ele amou.” Naquela noite, enquanto Luquinhas guardava a carta com cuidado, como um tesouro, Manoel sentou-se com Márcia na varanda, contando-lhe sobre a descoberta do filho. Os dois olharam para o céu, onde a constelação brilhava, um lembrete eterno de que a dor de Manoel, o mendigo, transformara-se em uma luz que guiava gerações. Luninha e Solzinho, no jardim, deitaram-se juntos, os olhos fixos nas estrelas, como se soubessem que, no astral, seus predecessores continuavam a protegê-los, iluminando o caminho para todos que acreditassem no poder do amor desinteressado.
Luquinhas, agora com 15 anos, estava sentado no quarto temático da casa em Ipanema, com as estrelas pintadas no teto brilhando suavemente sob a luz da lâmpada. A carta psicografada, que ele lera pela primeira vez naquela tarde, repousava sobre sua mesa, ainda aberta, suas palavras ecoando em sua mente. A história de Manoel, o mendigo, e seus companheiros Biriba, Bituca e Assad tocara-o profundamente, não apenas pela dor que revelava, mas pela familiaridade que sentia, como se já conhecesse aqueles nomes de algum lugar além da memória. Luninha, a gatinha que herdara o espírito sapeca de Peraltinha, ronronava em seu colo, enquanto Solzinho, o cachorrinho que sucedera Pitoco, dormia aninhado em sua caminha, soltando pequenos suspiros.
Enquanto folheava a redação que escrevera aos dez anos, Manoel, a estrelinha que desceu na Terra, Luquinhas sentiu uma onda de curiosidade. Ele correu até a varanda, onde Manoel, seu pai, observava o céu de Ipanema, as quatro estrelas da constelação — Manoel, Biriba, Bituca e Assad — brilhando com uma luz que parecia pulsar só para eles. Luquinhas, com os olhos brilhando de perguntas, puxou a manga da camisa do pai.
— Pai! — exclamou, a voz carregada de uma mistura de espanto e entusiasmo. — O Pitoco e a Peraltinha... eles já conheciam Manoel, Bituca, Biriba e o Assad?
Manoel virou-se para o filho, surpreso com a pergunta, mas com um sorriso que revelava a mesma conexão espiritual que ele próprio sentira tantas vezes. Ele se abaixou para ficar na altura de Luquinhas, olhando nos olhos do menino, onde via reflexos da mesma bondade que a carta psicografada descrevia. Por um momento, ele se lembrou da mão invisível que guiava sua escrita, da redação de Luquinhas que parecia ter sido escrita por outra vontade, e da “oração” de Peraltinha e Pitoco anos antes, quando ergueram os olhos para as estrelas.
— Sabe, meu filho — começou Manoel, a voz suave, como se contasse uma história antiga —, eu acho que sim. Pitoco e Peraltinha, e agora Luninha e Solzinho, têm um jeito de olhar pro céu que parece que eles sabem de algo que a gente só sente. Talvez eles não conhecessem Manoel, Biriba, Bituca e Assad como a gente conhece uma pessoa, mas... — ele fez uma pausa, olhando para as estrelas — ...os bichinhos têm um coração que entende o amor, mesmo que venha de muito longe, de outras vidas ou de estrelas.
Luquinhas franziu o cenho, processando as palavras do pai, mas seus olhos brilharam com uma aceitação que vinha mais do coração do que da razão. Ele olhou para Luninha, que agora se espreguiçava, e para Solzinho, que levantou a cabeça como se ouvisse a conversa. “Então, pai, eles tão ligados de algum jeito? Tipo, como se fossem da mesma família?” Manoel sorriu, puxando Luquinhas para um abraço. “Exatamente, meu filho. É como se Manoel, Biriba, Bituca e Assad deixassem um pedacinho do amor deles em cada gato e cachorro que passa por aqui. E em você, em mim, na sua irmã Clara, na sua mãe. Esse amor não vai embora, ele só muda de forma, como as estrelas que sempre voltam pra nos guiar.”
Naquela noite, enquanto Luquinhas voltava para o quarto temático, segurando a carta psicografada como um tesouro, ele olhou pela janela e viu Luninha e Solzinho no jardim, os olhos fixos nas quatro estrelas que brilhavam no céu. Por um instante, os filhotes pareceram repetir o gesto de Peraltinha e Pitoco, com Luninha erguendo as patinhas dianteiras e Solzinho apontando o focinho para cima, como em uma prece silenciosa. Luquinhas sorriu, sentindo que, de alguma forma, seus amiguinhos sabiam exatamente quem eram aquelas estrelas.
Márcia, que se aproximara em silêncio, colocou a mão no ombro de Manoel, que ainda observava o céu. “Ele tá começando a entender, né?” perguntou ela, com um sorriso terno. Manoel assentiu, os olhos marejados. “Tá, sim. E as estrelas tão orgulhosas dele.” No céu, a constelação de Manoel, Biriba, Bituca e Assad pulsava com uma luz que parecia abraçar a família. Era como se os quatro, em sua forma celestial, confirmassem que Pitoco e Peraltinha, e agora Luninha e Solzinho, sempre fizeram parte do mesmo ciclo de amor, uma família espiritual que atravessava o tempo, unindo humanos e animais em uma dança eterna de bondade e conexão.
Manoel revela a Lucas os detalhes de como Thiago e Clarice o adotaram.
Era uma noite calma em Ipanema, com a brisa do mar trazendo o perfume salgado que Manoel, o escritor, sempre amara. Ele estava na varanda da casa, agora sua por herança de Thiago e Clarice, seus pais adotivos, olhando para as quatro estrelas que formavam a constelação de Manoel, Biriba, Bituca e Assad. Luquinhas, aos 15 anos, sentara-se ao seu lado, ainda segurando a carta psicografada que lera naquela tarde, a história do mendigo Manoel que o emocionara profundamente. A redação que ele escrevera aos dez anos, Manoel, a estrelinha que desceu na Terra, repousava ao lado da carta, um testemunho do mistério que os unia. Luninha e Solzinho, os filhotes que herdaram o espírito de Peraltinha e Pitoco, dormiam no jardim, seus ronronares e suspiros misturando-se ao som das ondas distantes.
Luquinhas, ainda processando a leitura da carta, olhou para o pai com uma pergunta nos olhos. “Pai, como você sabia tanto sobre o Manoel? Você disse que só encontrou essa carta depois que vovô Thiago e vovó Clarice morreram.”
Manoel respirou fundo, sentindo que era hora de abrir o coração para o filho. Ele olhou para as estrelas, como se buscasse coragem na luz que pulsava no céu, e começou a falar, a voz suave, mas carregada de emoção:
— Meu filho, eu nunca te contei tudo sobre como cheguei até aqui. Quando eu era pequeno, mais novo que você, eu era como o Manoel da carta. Não tinha ninguém. Eu vagava pelas ruas, maltrapilho, quase nu, sem saber o que era um lar. Até que um dia, seus avós, Thiago e Clarice, me encontraram. Eles me trouxeram pra essa casa, me deram um nome, Manoelzinho, e me fizeram filho deles.
Luquinhas arregalou os olhos, surpreso. Ele sabia que o pai fora adotado, mas nunca ouvira a história com tantos detalhes. “Você... você era como ele? Como o Manoel da carta?”
Manoel sorriu, um sorriso que misturava gratidão e saudade. “De certa forma, sim. Mas tem algo mais, Luquinhas. Desde o dia em que entrei nesta casa, senti que não estava sozinho. Era como se um anjo da guarda estivesse comigo, uma presença que eu não via, mas que me guiava. Quando escrevia minhas histórias, quando cuidava de Pitoco e Peraltinha, ou agora com Luninha e Solzinho, eu sentia ele. Uma mão invisível, um calor no peito. E quando li a carta psicografada, anos depois, entendi que esse anjo era o Manoel, o mendigo. Ele, Biriba, Bituca e até o Assad, de alguma forma, me trouxeram até aqui.
Luquinhas ficou em silêncio, os olhos brilhando com lágrimas que ele tentava conter. Ele olhou para o jardim, onde Luninha e Solzinho agora erguiam os olhos para o céu, como se ouvissem a conversa. “Então, pai... você acha que o Manoel, o Biriba, o Bituca e o Assad tavam cuidando de você? Como eles cuidaram de mim quando eu escrevi a redação?”
Manoel puxou o filho para um abraço, sentindo o peso e a beleza daquele momento. “Exatamente, meu filho. Eles são nossa constelação, nossos guardiões. E sabe o que é mais incrível? Eles me ensinaram, e agora você tá aprendendo, que o amor que a gente dá, mesmo quando não tem nada, volta pra gente de um jeito que nem explica. Eles tão lá em cima, brilhando, pra lembrar a gente disso.”
Luquinhas olhou para as quatro estrelas, que pareciam pulsar mais forte, como se respondessem ao desabafo do pai. Ele segurou a mão de Manoel, sentindo, pela primeira vez, que a história do mendigo não era apenas uma história, mas parte de quem ele era. “Pai, você acha que Luninha e Solzinho sentem eles também?”
Manoel sorriu, apontando para os filhotes, que agora se aninhavam juntos no jardim, os olhos fixos na constelação. “Olha pra eles, Luquinhas. Eles sabem. Os bichinhos sempre sabem.”
Márcia, que se aproximara em silêncio, juntou-se ao abraço, os olhos marejados ao ouvir o desabafo do marido. A família ficou ali, na varanda, sob o olhar das quatro estrelas, sentindo que a casa, o quarto temático, e até os filhotes eram parte de um legado maior. Manoel, o mendigo, com sua bondade inquebrável, não apenas ascendera como luz, mas deixara um anjo da guarda para guiar Manoelzinho, Luquinhas e todos que cruzassem seu caminho. A constelação brilhava sobre Ipanema, um lembrete eterno de que o amor, humano ou animal, é a força que conecta a Terra ao astral, guiando gerações com sua luz.
Próximo capítulo: A escapada de Luninha e a consequente gravidez felina, de onde surge Manoelzinho, o gatinho que era especial, como o guia da história.
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