Manoel, o ser de luz. Décimo Segundo e último Capítulo. Miqueias e Juvenal se tornam uma dupla de sucesso na internet.
O Abrigo Estrelinha, com seu quintal repleto de miados e o jazigo de Manoelzinho brilhando com a constelação de cinco estrelas — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho —, continuava a ser um farol de esperança em São Paulo. Miqueias, agora com 8 anos, havia se tornado o coração do abrigo, guiado por Juvenal, o gatinho de pelo branquinho e miado rouco, “mrau, mrau”, e por Pelúcia, o cachorrinho reencontrado que passava tardes semanais com ele. A ceia de Natal e a Feira de Adoções “Anjinho Manoel” haviam consolidado o abrigo como um símbolo de amor, apoiado por uma fabricante de rações que via no trabalho de Lucas, Amaraliz e Miqueias uma história digna de ser compartilhada.
Um dia, o representante da marca de rações, impressionado com a energia de Miqueias e a conexão entre ele, Juvenal e Pelúcia, viu neles um potencial único. “Essa história de amor e superação pode tocar o mundo,” disse ele a Lucas e Amaraliz, propondo uma campanha publicitária inclusiva. Uma agência foi contratada, e um vídeo foi produzido, mostrando Miqueias contando sua jornada com Juvenal e Pelúcia, desde a dor da perda até a alegria do reencontro e o trabalho no Abrigo Estrelinha. O vídeo, lançado em uma rede social, explodiu em popularidade: em três dias, alcançou mais de 1 milhão de visualizações, com comentários emocionados de pessoas de todo o país, encantadas com o menino, o gato de miado rouco e o cachorrinho de olhos vivos.
Sueli, tocada pela oportunidade, autorizou o uso da imagem de Miqueias, enquanto o Abrigo Estrelinha cedeu a de Juvenal, e o casal que adotara Pelúcia permitiu a inclusão do cachorrinho. O dinheiro ganho com a campanha mudou a vida de Miqueias e Sueli. Eles trocaram a casa simples na favela do Morumbi por uma nova, numa área de classe média do mesmo bairro, com um quintal ensolarado e espaço para sonhar. Miqueias, com os olhos brilhando, correu até Amaraliz no abrigo, segurando a mão de Juvenal, que ronronava em seu colo. “Tia Amaraliz, posso levar o Juvenal agora?” perguntou, com a voz cheia de esperança. “A senhora pede pro pessoal telar o quintal...”
Amaraliz, Lucas e os voluntários, tocados pela pureza do pedido, não hesitaram. Num fim de semana, eles se reuniram na nova casa de Miqueias e Sueli, armados com telas, brinquedos e arranhadores. Trabalharam juntos, rindo e contando histórias, enquanto instalavam uma tela segura no quintal e espalhavam brinquedinhos coloridos e arranhadores para Juvenal. Miqueias, correndo pelo quintal com o gatinho, que soltava seu “mrau, mrau” rouco, tinha os olhos brilhando como as estrelas da constelação. “Olha, Juvenal! Agora você tem uma casa comigo!” exclamou, enquanto o gato pulava num arranhador, como se aprovasse.
A felicidade de Miqueias se completou numa tarde ensolarada, quando Sueli chegou com uma surpresa. Nos braços, ela trazia Pelucinha, uma filhote branquinha de cachorro, com olhos curiosos e um latido tímido. “Essa é pra você, meu filho,” disse Sueli, com um sorriso emocionado. “Agora você tem o Juvenal e a Pelucinha pra te fazer companhia, e o Pelúcia vai continuar vindo toda semana.” Miqueias, com lágrimas de alegria, abraçou a mãe e a filhote, enquanto Juvenal se aproximava, cheirando Pelucinha com um “mrau, mrau” gentil, como se a acolhesse na família.
Lucas, Amaraliz e Manoel, que viera de Ipanema para a mudança, observavam a cena com o coração cheio. Manoel, olhando para o céu onde as cinco estrelas começavam a surgir, pensou na carta psicografada e na voz suave que lhe dissera que Manoel, o mendigo, acompanhava Miqueias desde o nascimento. “É a luz dele, Lucas,” disse Manoel, com um sorriso. “No Miqueias, no Juvenal, na Pelucinha, em todos nós.”
Lucas assentiu, pensando em Miqueias, o multiplicador de amor, o livro que escreveria com o pai. “Essa história vai tocar o mundo, pai, como o vídeo tocou. O Manoel tá brilhando neles.” Naquela noite, Miqueias, Sueli, Juvenal e Pelucinha sentaram-se no quintal da nova casa, sob o olhar das cinco estrelas. Juvenal, como fazia no abrigo, olhou para o céu, soltando seu “mrau, mrau” rouco, enquanto Pelucinha latia baixinho, como se os dois conversassem com Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho.
Em Ipanema, Manoel, Márcia e Clara, na varanda da casa com Luninha, Solzinho e os gatinhos Biriba, Bituca e Assad, sentiram a mesma luz. O Abrigo Estrelinha, a nova casa de Miqueias, e a constelação no céu estavam unidos, prova de que o amor despretensioso, iniciado por um mendigo e seus anjinhos, continuava a multiplicar-se, iluminando corações, quintais e histórias por gerações.
Manoel, o ser de luz, manda uma carta psicografada para Miqueias.
“Meus queridos, do alto onde agora descanso, contemplo a multiplicação do amor que um dia plantei com meus anjinhos, Biriba e Bituca. Sinto que meu sofrimento não foi em vão; foi a minha missão. Eu entendi toda a grandeza que Deus me contemplou através da minha resignação, mesmo quando a fome me doía fundo. Meus anjinhos estão do meu lado, e meu guia de luz, também. Miqueias, menino de coração puro, você é a prova de que o amor que dei, sem nada pedir, continua a brilhar. Juvenal, Pelúcia, Pelucinha, o Abrigo Estrelinha, Lucas, Manoel — todos vocês são minha constelação na Terra. Que ela siga iluminando o mundo.”
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