A primeira feirinha de adoções do Abrigo Estrelinha. A homenagem ao Anjinho Manoel
O Abrigo Estrelinha, no quintal do prédio em São Paulo, havia se tornado mais do que um refúgio para gatos abandonados; era um símbolo de esperança, onde o legado de Manoelzinho, o gatinho que inspirara sua criação, continuava a unir corações. Juvenal, com seu pelo branquinho e seu “mrau, mrau” rouco, reinava como o guardião do gatil, acolhendo os recém-chegados com lambidas gentis, enquanto a lápide com a constelação de cinco estrelas — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho — brilhava no canto do quintal, como um farol espiritual. Lucas e Amaraliz, agora casados e dedicados ao abrigo, sentiam a presença da constelação em cada miado, em cada voluntário, e, especialmente, em Miqueias, o menino de sete anos cuja presença transformara o espaço.
O conselho diretor do abrigo, inspirado pelo crescimento da comunidade e pela energia de Miqueias, resolveu organizar a primeira Feira de Adoções, a ser realizada no estacionamento de um hipermercado popular próximo. O evento, batizado de “Anjinho Manoel” em homenagem ao gatinho que dera início a tudo, prometia ser um marco. Miqueias, com seu sorriso tímido e coração gigante, foi escolhido como mascote da feira, encarregado de apresentar os gatinhos aos pretendentes, contando seus nomes e características com a paixão que aprendera ao cuidar deles. Um cartazista do hipermercado, tocado pela história do abrigo, transformou um desenho de Miqueias — um esboço delicado de Manoelzinho com asinhas de anjo, pairando sob cinco estrelas — em um pôster vibrante que enfeitava o evento, com as palavras “Feira de Adoções Anjinho Manoel” em letras brilhantes.
Na manhã da feira, Miqueias, agora um pouco mais encorpado e com as bochechas rosadas, estava no abrigo, preparando-se com os voluntários. Antes de partir, ele se ajoelhou ao lado de Juvenal, que ficaria no gatil com os gatos não selecionados para adoção. O menino acariciou o pelo branquinho do gatinho, que respondeu com seu “mrau, mrau” rouco, aninhando-se em suas mãos. “Você fica aqui cuidando da casa, tá, Juvenal?” disse Miqueias, com um sorriso. “Vou contar pras pessoas como você é especial.” Juvenal, como se entendesse, passou a cabeça no menino e olhou para o jazigo de Manoelzinho, soltando outro “mrau, mrau” que parecia uma bênção. No estacionamento do hipermercado, a Feira de Adoções “Anjinho Manoel” era um espetáculo de vida. Gatinhos miavam em suas caixas de transporte, voluntários distribuíam panfletos, e o cartaz com o desenho de Manoelzinho com asinhas atraía olhares curiosos. Miqueias, com uma confiança que escondia sua timidez, caminhava entre as pessoas, apresentando os filhotes. “Esse é o Trovão, ele adora correr atrás de corda,” dizia, segurando um gatinho cinza, ou “Essa é a Pétala, ela gosta de dormir no colo.” As famílias, encantadas com a sinceridade do menino, decidiam adotar, prometendo lares cheios de amor e segurança. Cada adoção fazia os olhos de Miqueias brilharem, como se ele sentisse Manoelzinho sorrindo do céu.
Entre a multidão, Sueli, a mãe de Miqueias, observava o filho com lágrimas de orgulho. Ela, que já agradecera a Lucas e Amaraliz por devolverem a alegria ao menino após a perda de seu cachorrinho, agora via Miqueias como o coração da feira, guiando gatos para novos lares e inspirando a comunidade. Ela se aproximou de Amaraliz, que organizava as adoções, e disse, com a voz embargada: “Meu menino tá brilhando, dona Amaraliz. Ele fala dos gatos como se fossem amigos dele, como se soubesse o que eles sentem. Vocês deram isso pra ele.” Amaraliz sorriu, abraçando Sueli. “Foi o Miqueias que trouxe isso pra gente, Sueli. Ele e o Manoelzinho, o Juvenal... eles tão todos ligados, como as estrelas lá em cima.” Ela apontou para o céu, onde, ao cair da tarde, as cinco estrelas da constelação começavam a surgir, brilhando sobre o estacionamento como se celebrassem o sucesso da feira.
Naquela noite, de volta ao abrigo, Miqueias sentou-se ao lado do jazigo de Manoelzinho, com Juvenal no colo. O gatinho passou a cabeça na lápide, como fazia todos os dias, e soltou seu “mrau, mrau” rouco, olhando para o céu. Miqueias, imitando-o, ergueu os olhos para as cinco estrelas e sussurrou: “Obrigado, Anjinho Manoel. Você tá vendo, né?” Lucas e Amaraliz, observando de longe, sentiram que a constelação respondia, pulsando com uma luz que unia São Paulo a Ipanema, o Abrigo Estrelinha à casa do quarto temático, e Miqueias ao legado de amor que Manoel, o mendigo, começara. Em Ipanema, Manoel, o escritor, ao saber da feira por uma ligação de Lucas, olhou para Luninha, Solzinho e os gatinhos Biriba, Bituca e Assad, que brincavam no jardim. “O Miqueias é mais um que o Manoelzinho escolheu,” disse ele a Márcia, com um sorriso emocionado. Sob o céu, as cinco estrelas brilhavam, como se confirmassem que o amor despretensioso de Manoel, nascido da dor, continuava a curar corações, humanos e felinos, uma adoção, um miado, uma história de cada vez.
Miqueias conhece o Rio e Lucas lança seu novo livro na Bienal Carioca do Livro.
No ano seguinte, a Bienal do Livro Carioca transformava o Rio de Janeiro em um mar de histórias, com estandes cheios de cores e vozes de leitores ansiosos. Lucas, agora com 22 anos, estava no centro de um desses estandes, lançando seu segundo livro infantil, Manoel, um gatinho e um menino que viraram estrelas. A obra, dedicada ao mendigo Manoel, ao gatinho Manoelzinho, e a todos os “anjinhos de quatro patas” que ensinam o amor, era um tributo ao legado que começara nas ruas de Ipanema e se espalhara até o Abrigo Estrelinha em São Paulo. No capítulo final, uma foto comovente: Miqueias, o menino de oito anos da comunidade pobre, abraçado a Juvenal, o gatinho de pelo branquinho e miado rouco, “mrau, mrau”. A legenda, escrita por Lucas, dizia: “Para Miqueias e Juvenal, os novos Manoéis, que carregam o amor que nunca se apaga.”
Miqueias, com a permissão de sua mãe, Sueli, viajara de São Paulo para o Rio, acompanhado por Lucas e Amaraliz. Seus olhos castanhos brilhavam de encantamento ao entrar no estande, decorado com estrelas penduradas e um cartaz que reproduzia o desenho de Manoelzinho com asinhas, criado por Miqueias para a Feira de Adoções “Anjinho Manoel”. Ele segurava um exemplar do livro, folheando até a última página, onde viu sua foto com Juvenal. “Tia Amaraliz, olha! Sou eu e o Juvenal!” exclamou, o sorriso tão largo que parecia iluminar o pavilhão. As crianças que se aproximavam do estande ouviam Miqueias contar, com sua voz cheia de orgulho, sobre o gatinho de miado rouco e como ele cuidava dos outros no abrigo. “O Juvenal é como o Manoelzinho, ele ajuda todo mundo,” dizia, enquanto famílias se emocionavam com a história.
Após o lançamento, Lucas levou Miqueias à casa de Manoel em Ipanema, o lar onde a história começara. O menino, que crescera entre as ruas de São Paulo, ficou maravilhado ao entrar no quintalzinho, onde Luninha, Solzinho e os gatinhos Biriba, Bituca e Assad brincavam sob o sol. Luninha ronronou ao se aproximar, enquanto Solzinho abanava o rabo, e os três gatinhos, com seus nomes inspirados na constelação, pulavam ao redor de Miqueias como se o reconhecessem. “Eles são da família das estrelas, né?” perguntou Miqueias, olhando para Manoel, que observava a cena com um sorriso emocionado.“São, sim, Miqueias,” respondeu Manoel, apontando para o céu, onde as cinco estrelas da constelação — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho — começavam a surgir no crepúsculo. “E você também é. Você e o Juvenal tão continuando o que o Manoelzinho começou, lá no abrigo.” Miqueias sorriu, acariciando Biriba, que se aninhou em seu colo, e disse, com a sinceridade de uma criança: “Quero contar pros meus amigos em São Paulo que conheci a casa das estrelas!”
Naquela noite, Manoel, Márcia, Clara, Lucas e Amaraliz sentaram-se na varanda, enquanto Miqueias brincava com os gatinhos, suas risadas ecoando pelo quintal. Márcia, segurando a mão de Manoel, sussurrou: “Ele é mais um que o Manoel escolheu, né?” Manoel assentiu, os olhos marejados. “É, sim. E as estrelas tão orgulhosas.”Quando Miqueias voltou a São Paulo, levou consigo um exemplar autografado do livro e histórias para contar aos amigos da comunidade. Ele falava do estande brilhante, da casa em Ipanema, dos gatinhos que pareciam saber seu nome, e da constelação que brilhava no céu. No Abrigo Estrelinha, Juvenal o recebeu com seu “mrau, mrau” rouco, passando a cabeça no menino como se comemorasse sua volta. Miqueias, ao lado do jazigo de Manoelzinho, olhou para o céu e viu as cinco estrelas pulsando, como se Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho estivessem sorrindo para ele. “Vocês viram, né?” sussurrou ele, sentindo que fazia parte de uma família maior, unida por um amor que atravessava cidades, gerações e até o próprio céu.
A cartinha que Miqueias dedicou ao Gatinho Juvenal, que emocionou a todos na escola.
Miqueias, agora com 8 anos, carregava um brilho diferente nos olhos. O menino que outrora vagava pelas ruas de sua comunidade em São Paulo, com o coração pesado pela perda de seu cachorrinho, havia encontrado no Abrigo Estrelinha um refúgio de amor e propósito. Juvenal, o gatinho de pelo branquinho e miado rouco, “mrau, mrau”, tornara-se seu companheiro inseparável, um guardião que o acolhia com ronronares e carícias no jazigo de Manoelzinho, onde a constelação de cinco estrelas — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho — brilhava como um símbolo eterno. O Abrigo Estrelinha, liderado por Lucas e Amaraliz, continuava a crescer, e Miqueias, com sua dedicação aos gatos e sua habilidade de encontrar lares amorosos para os filhotes, era o coração daquele lugar.Na escola, Miqueias começava a se destacar, não mais como o menino tímido e magro, mas como alguém que sorria e falava com confiança sobre seus “amiguinhos de quatro patas”. Sua professora da segunda série fundamental, Ângela, havia pedido à turma que escrevesse uma redação sobre algo que os tivesse marcado. Miqueias, com sua letra caprichada, escreveu uma carta intitulada Minha vida com Juvenal, o gato que me ensinou a voltar a viver. Nela, ele contava como, após perder seu cachorrinho, achava que nunca mais seria feliz. Mas Juvenal, com seu “mrau, mrau” rouco e sua mania de esfregar a cabeça no jazigo de Manoelzinho, mostrou a ele que o amor podia curar até as dores mais profundas. “O Juvenal me ensinou que, mesmo quando a gente tá triste, os gatinhos sabem como trazer a alegria de volta,” escreveu Miqueias. “E o Manoelzinho, que tá nas estrelas, mandou ele pra mim.” Quando Miqueias entregou a carta à professora Ângela, ela leu em silêncio, os olhos marejando com cada palavra. A história do menino, tão jovem e já tão marcado pela perda, mas transformado pelo amor de um gato, tocou-a profundamente. “Miqueias,” disse ela, com a voz embargada, “isso é lindo. Você gostaria de ler pra turma?”Miqueias hesitou, o rosto corando de timidez, mas o pensamento em Juvenal e no Abrigo Estrelinha lhe deu coragem. Na aula seguinte, ele se levantou diante dos colegas, segurando a carta com mãos trêmulas. Sua voz, inicialmente baixa, ganhou força à medida que contava sobre o gatinho de miado rouco, o jazigo com as cinco estrelas, e como aprendera a sorrir novamente. “O Juvenal fica olhando pro céu, como se soubesse que o Manoelzinho tá lá em cima,” leu ele, com uma sinceridade que silenciou a sala. “E eu sei que meu cachorrinho tá com eles, na constelação, cuidando de mim.”Quando terminou, a turma ficou em silêncio por um instante, os olhos de algumas crianças brilhando com lágrimas. Então, um aplauso explodiu, espontâneo e caloroso, enquanto os colegas batiam palmas e gritavam “Muito bom, Miqueias!”. Ângela, enxugando uma lágrima, abraçou o menino. “Você tem um dom, Miqueias,” disse ela. “Essa história não é só sua, é de todo mundo que já amou um bichinho.
Naquela noite, Miqueias correu ao Abrigo Estrelinha, onde Lucas e Amaraliz organizavam os preparativos para a próxima Feira de Adoções “Anjinho Manoel”. Ele mostrou a carta a Amaraliz, que leu com o mesmo encantamento da professora. “Miqueias, isso é tão bonito quanto o livro do Lucas,” disse ela, apontando para um exemplar de Manoel, um gatinho e um menino que viraram estrelas, que incluía a foto de Miqueias e Juvenal. “Você tá continuando a história do Manoelzinho.” Miqueias sorriu, acariciando Juvenal, que se aproximou com seu “mrau, mrau” rouco e passou a cabeça no menino, como se aprovasse. Ele olhou para o jazigo de Manoelzinho, com a constelação de cinco estrelas gravada, e depois para o céu, onde as estrelas de Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho brilhavam, mesmo sob as luzes de São Paulo. “Tá vendo, Juvenal? Eles gostaram da minha carta,” sussurrou ele, sentindo que fazia parte de uma história maior. Em Ipanema, Lucas, que visitava a família, contou a Manoel sobre a carta de Miqueias. Manoel, na varanda da casa com Luninha, Solzinho e os gatinhos Biriba, Bituca e Assad, sorriu, olhando para o céu. “Esse menino é mais um que o Manoel escolheu,” disse ele a Márcia, com um brilho nos olhos. “O amor dele tá passando de coração em coração, como as estrelas.” Sob o céu, a constelação parecia pulsar, como se celebrasse Miqueias, Juvenal, e a corrente de bondade que, começada por um mendigo e seus dois anjinhos, continuava a curar o mundo, uma carta, um miado, uma história de cada vez.
O Natal do reencontro. Miqueias tem a melhor surpresa de sua vida.
O Natal chegou a São Paulo com uma brisa quente e um céu que, apesar das luzes da cidade, parecia reservar um espaço especial para as cinco estrelas da constelação — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho. No Abrigo Estrelinha, o quintal do prédio estava transformado: lanternas coloridas penduradas, mesas cobertas com toalhas festivas, e o aroma de alimentos natalinos — peru, rodelas de cebola, farofa e panetones — misturando-se ao som de risadas e miados. Miqueias, agora com 8 anos, havia organizado a primeira ceia comunitária do abrigo, uma ideia que nascera de seu desejo de compartilhar a alegria que encontrara ali. Os quase 30 gatinhos do abrigo, aninhados em suas caminhas ou brincando pelo quintal, eram mimados com petiscos especiais e uma ração nova, doada por uma fabricante que adotara o Abrigo Estrelinha como referência de acolhimento, encantada pelo trabalho de Lucas, Amaraliz e, especialmente, pelo pequeno Miqueias.
Juvenal, o gatinho de pelo branquinho e miado rouco, “mrau, mrau”, reinava como o guardião do gatil, seus olhos gentis observando os voluntários que serviam os gatos com carinho. O jazigo de Manoelzinho, com a constelação de cinco estrelas gravada, brilhava no canto do quintal, como se aprovasse a festa. Miqueias, com as bochechas rosadas e um sorriso que refletia sua nova confiança, corria entre as mesas, ajudando a distribuir pratos e contando histórias dos gatinhos para os convidados — voluntários, vizinhos e famílias que haviam adotado filhotes na Feira de Adoções “Anjinho Manoel”.
Quando chegou a hora do discurso, Miqueias subiu em uma cadeira, segurando um papel onde escrevera algumas palavras, inspirado pela carta que lera na escola sobre Juvenal. Ele começou, com a voz clara e cheia de emoção: “Obrigado a todos que vieram pra nossa ceia. O Abrigo Estrelinha é onde eu aprendi a ser feliz de novo, com o Juvenal, o Manoelzinho e todos os gatinhos. Eles me ensinaram que o amor não acaba, ele vira estrela e fica brilhando pra gente.”
Antes que ele pudesse continuar, Sueli, sua mãe, apareceu no portão do quintal, com um brilho nos olhos e uma surpresa que fez o coração de Miqueias parar. Ao seu lado, preso a uma coleira, estava um cachorrinho de pelo desgrenhado, mas com olhos vivos que Miqueias reconheceu na hora. “Pelúcia! Meu cachorro!” gritou ele, correndo para o cãozinho que outrora tirara das ruas e que Sueli, achando que não tinham condições de criar, doara sem avisá-lo. Pelúcia latiu, abanando o rabo, e pulou no colo de Miqueias, lambendo seu rosto enquanto o menino ria e chorava ao mesmo tempo. Juvenal, que observava do gatil, correu até a grade, soltando seu “mrau, mrau” rouco, como se celebrasse o reencontro. Pelúcia, sentindo a presença do amigo felino, aproximou o focinho da grade, e os dois uniram as cabeças num toque gentil, como se fossem abençoados por Biriba, Bituca e Manoelzinho, que brilhavam no céu. A cena trouxe lágrimas aos olhos de Lucas, Amaraliz e Manoel, que viera do Rio para a ceia, junto com Márcia e Clara. Os voluntários e convidados aplaudiram, comovidos, enquanto Miqueias abraçava Pelúcia com força. Sueli, com a voz embargada, aproximou-se de Miqueias e dos outros. “Eu errei quando dei o Pelúcia sem te contar, meu filho,” disse ela, acariciando a cabeça do menino. “Mas os donos dele toparam te deixar ver ele Vou trazer o Pelúcia toda semana pra passar uma tarde com você, tá bom?” Miqueias, com os olhos brilhando de felicidade, assentiu, abraçando a mãe. “Jura, mãe? Ele vai ficar comigo um pouco?”“Juro,” respondeu Sueli, olhando para Lucas e Amaraliz com gratidão. “Vocês devolveram a alegria do meu menino, e agora eu quero devolver a dele.”Lucas, Amaraliz e Manoel se aproximaram, abraçando Miqueias e Sueli. Manoel, olhando para o céu, viu as cinco estrelas pulsando, como se Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho celebrassem aquele momento. “O amor do Manoel tá aqui, meu filho,” disse ele a Lucas, com um sorriso emocionado. “Tá no Miqueias, no Pelúcia, no Juvenal, em todos nós.” A ceia continuou, com humanos compartilhando alimentos e histórias, e os gatinhos saboreando seus petiscos. Miqueias, com Pelúcia aninhado a seus pés e Juvenal ronronando ao lado, sentia-se parte de uma família maior, unida pela constelação que brilhava no céu. No Abrigo Estrelinha, o jazigo de Manoelzinho parecia reluzir sob as luzes de Natal, como se confirmasse que o amor despretensioso, nascido da dor, continuava a iluminar São Paulo, Ipanema e todos os corações que acreditavam na magia dos “anjinhos de quatro patas”.
O Natal no Abrigo Estrelinha ainda reverberava no quintal, com as lanternas coloridas balançando na brisa e o jazigo de Manoelzinho, com sua constelação de cinco estrelas, brilhando como um farol de amor. Os quase 30 gatinhos ronronavam em suas caminhas, saciados com os petiscos doados pela fabricante que adotara o abrigo, enquanto Pelúcia, o cachorrinho de Miqueias, dormia aninhado aos pés do menino. Juvenal, com seu pelo branquinho e seu “mrau, mrau” rouco, descansava ao lado, como se guardasse o momento. Lucas, Amaraliz, Manoel, Márcia, Clara, Sueli e os voluntários celebravam a ceia comunitária, suas risadas misturando-se ao calor do Natal, um reflexo da corrente de bondade que começara com Manoel, o mendigo, e seus anjinhos, Biriba e Bituca.Miqueias, na inocência sábia de seus 8 anos, estava radiante, contando histórias de Pelúcia e Juvenal para os convidados, seu sorriso iluminando o quintal. Manoel, o escritor, observava o menino com um orgulho que lembrava o que sentira por Lucas anos antes. Sentindo a presença da constelação no céu, ele decidiu fazer a mesma pergunta que, décadas atrás, fizera a seu filho. Ajoelhando-se ao lado de Miqueias, que acariciava Juvenal, Manoel perguntou, com um sorriso gentil: “Miqueias, você sabe por que os animaizinhos partem mais cedo que a gente?”
Miqueias olhou para Manoel, seus olhos castanhos brilhando com uma certeza que parecia maior que sua idade. “Sei sim, Seu Manoel!” respondeu ele, com a voz firme e cheia de inocência. “Eles já nascem sabendo amar, enquanto a gente precisa aprender todo dia!”Manoel ficou paralisado, espantado com a resposta. Era quase a mesma lição que ele compartilhara com Lucas, mas dita com uma simplicidade que parecia vir de outro lugar. Ele riu, surpreso, e perguntou: “Como você sabe disso, Miqueias?”“Ora! Sabendo!” exclamou o menino, rindo enquanto acariciava Pelúcia e Juvenal, que soltou um “mrau, mrau” rouco, como se confirmasse. “O Pelúcia e o Juvenal me ensinaram! Eles amam a gente sem pedir nada, e o Manoelzinho, que tá nas estrelas, mandou eles pra me mostrar isso.”Manoel abriu a boca para soltar uma gargalhada, encantado com a sabedoria do menino, mas, antes que pudesse, uma voz suave ecoou em sua mente, tão clara quanto o pulsar das estrelas no céu: “Eu acompanho ele desde que nasceu.” Ele sentiu um calor no peito, como se a mão invisível que guiara sua escrita e sua vida estivesse ali, ao lado de Miqueias. Olhando nos olhos do menino, Manoel percebeu que a luz intensa de Manoel, o mendigo, residia naquele coração inocente, como residira no seu próprio coração e no de Lucas. Era a mesma luz que transformara um menino de rua em escritor, um jovem roteirista em defensor de gatos abandonados, e agora um menino triste em um guardião de esperança.Lucas, que observava a cena, aproximou-se com Amaraliz, os dois sorrindo ao ouvir a resposta de Miqueias. “Ele aprendeu com os melhores, pai,” disse Lucas, pensando na carta psicografada, na redação de sua infância, e no livro Manoel, um gatinho e um menino que viraram estrelas, que incluía Miqueias e Juvenal. Amaraliz, acariciando Pelúcia, completou: “É o amor do Manoel, passando de um coração pro outro.” Sueli, ao lado, enxugou uma lágrima, orgulhosa do filho que, com Pelúcia e Juvenal, encontrara alegria novamente. No quintal, Juvenal e Pelúcia se aproximaram do jazigo de Manoelzinho, o gato passando a cabeça na lápide e o cachorro abanando o rabo, como se prestassem homenagem à constelação. “Mrau, mrau,” disse Juvenal, olhando para o céu, onde as cinco estrelas — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho — brilhavam com uma intensidade que parecia abraçar todos ali. Manoel, ainda sentindo o eco daquela voz suave, olhou para Miqueias, Lucas, Amaraliz, Sueli, e os voluntários, e depois para o céu. “Vocês todos são a constelação agora,” disse ele, a voz embargada. “O Manoel tá aqui, no coração de cada um.” Sob o céu de São Paulo, as estrelas pulsavam, como se confirmassem que o amor despretensioso, nascido da dor de um mendigo e seus anjinhos, continuava a iluminar o mundo, passando por Manoelzinho, Lucas, Miqueias, Pelúcia, Juvenal, e todos os que acreditavam na magia de amar sem esperar nada em troca.
A ceia de Natal no Abrigo Estrelinha brilhava como uma constelação terrestre, com lanternas coloridas iluminando o quintal e o aroma de panetones misturando-se aos miados dos quase 30 gatinhos, que saboreavam petiscos e a ração doada por uma fabricante que adotara o abrigo como referência. O jazigo de Manoelzinho, com suas cinco estrelas gravadas — Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho —, parecia pulsar com a energia da noite. Miqueias, com 8 anos, estava radiante, sentado entre Pelúcia, seu cachorrinho reencontrado, e Juvenal, o gato de pelo branquinho e miado rouco, “mrau, mrau”. Os dois animais, que haviam unido os focinhos num toque gentil, pareciam abençoados pela constelação, enquanto Sueli, Lucas, Amaraliz, Manoel, Márcia, Clara e os voluntários celebravam a união que o abrigo proporcionava.Na mesa da ceia, Manoel e Lucas se olharam, os olhos brilhando com uma compreensão compartilhada. Eles observavam Miqueias, que ria enquanto acariciava Pelúcia e Juvenal, a paz do menino refletindo a mesma luz que Manoel, o mendigo, deixara no mundo. Lucas, segurando um exemplar de Manoel, um gatinho e um menino que viraram estrelas, que incluía a foto de Miqueias e Juvenal, inclinou-se para o pai e disse, com um sorriso pensativo: “É tão engraçado, pai. É como se o destino mostrasse que Manoel reencarnou e seus amiguinhos, também. Olha o Miqueias, o Pelúcia, o Juvenal... é como se fossem o Manoel, o Biriba e o Bituca, continuando a história.”
Manoel, sentindo a presença daquela mão invisível que guiara sua escrita e sua vida, olhou para o céu, onde as cinco estrelas da constelação brilhavam com uma intensidade que parecia responder. “Talvez, meu filho,” disse ele, a voz suave e cheia de emoção. “Talvez Manoel esteja brilhando em cada um que ama sem pedir em troca. No Miqueias, no Pelúcia, no Juvenal, em você, em mim. É a luz dele que nunca apaga.” Lucas sorriu, o coração aquecido pela ideia. Ele pensou na carta psicografada que lera aos 15 anos, na redação que escrevera aos 10, e na jornada que o levara ao Abrigo Estrelinha e à Feira de Adoções “Anjinho Manoel”. Então, com um brilho de inspiração nos olhos, ele disse: “Pai, vou fazer um livro, fechar a trilogia. Miqueias, o multiplicador de amor, contando a história comovente de Miqueias, a traumática separação dele do Pelúcia, e como Juvenal curou essa dor. Me ajuda a escrever?”
Manoel, surpreso e emocionado, deixou escapar um riso caloroso. “Meu filho! Quer fazer um livro em conjunto com teu velho?” perguntou, os olhos marejados de orgulho. Lucas assentiu, rindo também. “Quero, pai. A história do Manoel começou com você, e agora a do Miqueias vai ser nossa, juntos.”Os dois se voltaram para Miqueias, que brincava com Pelúcia e Juvenal perto do jazigo de Manoelzinho. O menino, com seu sorriso radiante, parecia transmitir uma paz que envolvia todo o quintal. Juvenal, com seu “mrau, mrau” rouco, passou a cabeça na lápide, enquanto Pelúcia abanava o rabo, os dois olhando para o céu como se saudassem a constelação. Sueli, ao lado, observava o filho com lágrimas de gratidão, enquanto Amaraliz, Márcia, Clara e os voluntários se uniam em risadas e conversas, celebrando a família que o abrigo criara.Na varanda de Ipanema, dias depois, Manoel contou a Márcia sobre o plano de escrever com Lucas. “É a história do Manoel, amor, passando de coração em coração,” disse ele, olhando para Luninha, Solzinho e os gatinhos Biriba, Bituca e Assad, que brincavam no jardim. No céu, as cinco estrelas pulsavam, como se Manoel, Biriba, Bituca, Assad e Manoelzinho aprovassem o novo livro, que contaria como Miqueias, um menino que conhecera a dor, tornou-se um multiplicador de amor, guiado por Pelúcia, Juvenal, e a luz eterna da constelação. Sob as estrelas de São Paulo e Ipanema, o Abrigo Estrelinha e a casa do quarto temático continuavam unidos, como se a corrente de bondade iniciada por um mendigo e seus anjinhos nunca pudesse se quebrar. E, com Miqueias, o multiplicador de amor, Lucas e Manoel garantiriam que essa luz brilhasse para novas gerações, um miado, um latido, uma história de cada vez.
Próximo Capítulo: Miqueias e Juvenal conquistam o Brasil através da internet.
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